O CONTEXTO DE ESCRITA DE NOSSO AMIGO EM COMUM, DE CHARLES DICKENS

Nosso Amigo em Comum, a obra-prima que Charles Dickens escreveu enquanto vivia seu amor da maturidade.

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Um misterioso assassinato, um amor improvável, uma estratégia ousada e a clássica sensibilidade de Dickens para as mazelas sociais da Inglaterra do século XIX dão o tom em Nosso amigo em comum. Publicada originalmente em vinte partes mensais pela durante os anos de 1864 e 1865, esta obra é a última novela completa escrita pelo autor.

UMA HOMENAGEM AO POVO JUDEU

O judeu Mr. Riah e Jenny Wren, a costureirinha de bonecas numa Ilustração do livro

O livro mais desafiador de Dickens tem mais em comum com o próprio autor do que um leitor menos perspicaz irá prever. Além de uma homenagem ao povo judeu, um pedido de desculpas, na realidade, o mesmo que fez George Eliot em Daniel Deronda, há muito mais da realidade em que vivia o próprio autor.

Nosso Amigo em Comum traz um certo Mr. Riah, um judeu que administra o negócio de empréstimo de dinheiro. Ele cuida e ajuda Lizzie Hexam e Jenny Wren (a costureirinha de bonecas) quando elas não têm mais ninguém para ajudá-las. Alguns críticos acreditam que Dickens pretendia que Riah atuasse como um pedido de desculpas por seu estereótipo de Fagin em Oliver Twist e, em particular, uma resposta à Mrs. Eliza Davis. Ela havia escrito para Dickens reclamando que a forma como Dickens retratara Fagin fez “um grande mal a todos os judeus”. Acredita-se que o livro seja o mais desafiador que Dickens produziu, traz fortemente o relacionamento entre pai e filha. Veremos isso com quase todas as personagens femininas. Na verdade, as mães são, na maioria das vezes, estranhamente ausentes ou relativamente sem importância. Comecemos já no primeiro capítulo, a relação do caçador de corpos no Tâmisa e sua filha Lizzie Hexam; depois vem Bella e seu pai, a quem Dickens chama de querubim. Depois tem a costureira de bonecas e a relação com seu pai bêbado, e diversas outras.

UMA RECORRENTE PERGUNTA QUE DICKENS FAZIA A SI MESMO SALTOU PARA AS PÁGINAS

A obra-prima com quase mil páginas, com 85 personagens, que preenche todos os requisitos que um brilhante romance vitoriano, traz uma situação dramática que o autor vivia na época.

A trama de Nosso Amigo em Comum gira em torno de vários montes de lixo misteriosos, chamados de montes de poeira, que eram a fonte da fortuna do pai de John Harmon. Quem herdaria esses montes era a grande preocupação da trama. (Existem vários testamentos flutuando, um dos quais está realmente enterrado em um monte de poeira). Os montes são eventualmente demolidos. Mas nunca entendemos exatamente do que eles foram feitos. (Um crítico da Humphrey House especulou que excremento humano fazia parte deles).

UMA IDEIA PRECOCE

O romance foi serializado em cerca de 20 partes mensais entre o verão de 1864 e o outono de 1865, mas Dickens anotou a ideia central do livro em seu caderno mais de dois anos antes: INCIDENTE PRINCIPAL PARA UMA HISTÓRIA. Não citarei para não dar spoiler.

Essa ideia então permaneceu por vários anos em seu caderno, ou talvez Dickens tenha tentado rejeitá-la, pois simplesmente não funcionava, mas ele a deixou ali. Certamente podemos imaginá-lo pensando, talvez que sua ideia fosse uma noção muito frágil para um romance de mil páginas. Mas a ideia claramente permaneceu com ele e, finalmente, erigiu seu último grande romance completo sobre ela.

VIVÊNCIA PSICOLÓGICA

Ellen Ternan, a susposta amante de Charles Dickens

O que importava nessa ideia, nesse plot ou mote, e o que a tornava uma história, uma que Dickens não podia abandonar, era o que, intimamente, o assombrava, era sua vivência psicológica, pois Dickens estava fissurado em psicologia nessa época, principalmente o que se passava na mente de uma jovenzinha, Ellen Ternan. Coloquemo-nos em seu lugar: digamos que você fosse um homem velho, com problemas de saúde física (durante a década de 1860, pois o pé com gota de Dickens inchava tanto que, muitas vezes, ele não conseguia andar e tinha que ter um sapato especial de tamanho grande para encaixá-lo. A gota era causada pelo aumento da concentração sanguínea de ácido úrico, que dava origem a episódios recorrentes de artrite mediada pela deposição de cristais desse ácido nas articulações. Do século XVII ao século XIX, na Inglaterra, muitas vezes devido a alimentação dos ingleses (olha como é um café da manhã na Inglaterra, cheia de embutidos, linguiças, carne vermelha etc!) a gota constituiu verdadeira epidemia. Numa época em que não existiam medicamentos para reduzir os níveis de ácido úrico no sangue nem antinflamatórios disponíveis. Dickens também tinha uma série de pequenos derrames, levando ao grande derrame que o matou em 1870. Digamos: sua energia e elasticidade juvenis já tinham se esvaído e muitas vezes você se sentia velho. Ao mesmo tempo, você está se relacionando com uma mulher bonita, esperta e muito mais jovem — Ellen Ternan,que Dickens conheceu em 1857, quando ela tinha 18 anos e ele 45. Parece claro (embora o fato seja contestado), que eles começaram um relacionamento em 1858, quando a esposa de Dickens, Catherine, abriu um pacote pensando que era para ela, e descobriu, em vez disso, uma pulseira de ouro destinada, como deixou claro uma nota anexa, a ser um presente para Ellen. Naquele mesmo ano, Dickens se separou de Catherine

DIVÓRCIO

Catherine Hogarth, a esposa de Dickens quando jovem

As leis do divórcio da época (legislações muito recentes: os primeiros divórcios civis, em oposição às anulações eclesiásticas, só eram permitidas pela Lei das Causas Matrimoniais, de 1857), que exigiam que uma das partes fosse culpada e, claramente, neste caso, uma das partes era o próprio Dickens. Mas Dickens se revelar publicamente como um adúltero teria criado um enorme escândalo, destruído sua reputação (e sua vida) como um autor familiar, estava fora de questão. Em vez disso, Dickens comprou para Ellen uma casa em Slough, onde ela morava com sua mãe (Slough, pois ele poderia pegar o trem para o oeste de Londres, visitar seus filhos em Eton, e depois caminhar pelos campos para visitar sua amante). Mais tarde, ele a mudou para uma casa em Southwark, e o casal, geralmente acompanhado pela mãe de Ellen, fez repetidas viagens à França e a outros lugares, como à Itália, para visitar a irmã de Dickens.

ELLEN PODE TER ENGRAVIDADO DE DICKENS

Especula-se que Ellen teve um filho, que foi colocado para adoção em Paris, ou talvez Boulogne; ou talvez a criança tenha nascido na França (por razões de discrição), mas logo morreu. Podemos especular que Dickens e Ternan frequentemente viajavam juntos para a França, mas podemos ter certeza de que eles estavam juntos em junho de 1865 (novamente com a mãe acompanhando), porque os três estavam em um trem de Folkestone ou seja, do continente, via Folkestone – para Londres, quando passou por uma certa ponte em Kent. A ponte desabou e vários vagões mergulharam no vale, matando muitos passageiros: este foi o notório acidente ferroviário de Staplehurst, de 9 de junho de 1865.

ÚLTIMO VAGÃO

Acidente ferroviário de Staplehurst

Dickens, Ellen e Mrs. Ternan estavam no último vagão que não caiu, embora pendesse precariamente sobre a borda da estrutura quebrada. Depois de providenciar para que as mulheres fossem levadas a Londres, Dickens desceu para ajudar os feridos e moribundos, passando entre eles e compartilhando conhaque de seu frasco e água que buscava no rio. Então, com alguma bravura, ele subiu de volta em seu vagão, para recuperar as páginas manuscritas de Nosso Amigo em Comum que ele estava trabalhando e carregava com ele. Mas o acidente foi certamente um choque: ele perdeu a voz por duas semanas e depois disso ficou sempre nervoso por viajar de trem. Dickens morreria cinco anos depois do desastre.

ESCRITA DO LIVRO E SEU ROMANCE PESSOAL

No momento do acidente, Dickens estava dando os retoques finais em Nosso Amigo em Comum: as páginas que ele recuperou do naufrágio eram do final do livro 4. Mas todo o período de concepção e escrita foi determinado por seu relacionamento com Ellen Ternan, tanto em sua gestão pública (isto é, tomar todas as providências para ela e poder vê-la enquanto também mantinha seu relacionamento em segredo), quanto em termos de sua psicodinâmica privada.

“SERÁ QUE ELA ME AMA OU AMA MEU DINHEIRO?”

(DAVID APPLEBY/SONY PICTURES CLASSICS)

Voltemos à questão formulada, o plot ou mote, o conceito central deste romance: “será que ela me ama ou ama meu dinheiro?” Dickens não foi o primeiro nem o último homem a se perguntar se sua parceira muita mais jovem, muito mais adorável, estava com ele por si mesmo, ou apenas porque ele era rico. E quando colocamos assim: “ela me ama, velho feio e doente, ou ela só ama meu dinheiro? Parece uma pergunta lamentável, até mesmo risível, pois a resposta era patente.

Outros podem rir, mas se você fosse o homem nessa situação, o riso não seria um bálsamo. E é esse o torturante mote central de Nosso Amigo em Comum: a fantasia de que você, feio e velho, poderia sair de si mesmo, sair de sua posição pública, sua riqueza, as forças que agem sobre Ellen, e observar sua mulher apenas como um homem, como um estranho. Então você seria capaz de responder a essa terrível pergunta: se ela ainda o amava, então só poderia ser por você e não pelo seu dinheiro.

É claro que essa fantasia envolvia um grave risco emocional e psicológico, pois poderia acontecer (o que você sempre soubera), que ela não o ama por você, mas apenas o ama como um homem rico. É aqui que sua carência psicológica colide com seu conhecimento de mundo. Dickens certamente entendia como a pobreza era esmagadora e terrível. No livro 2, capítulo 8, Bella leva seu pai para sair: os Boffins deram a ela uma bolsa contendo £ 50 libras e, com esse dinheiro, ela compra para o pai um terno novo, um chapéu novo, pois ele nunca tinha dinheiro para comprar os dois ao mesmo tempo, e um almoço. Durante a conversa no restaurante, ela confessa a ele:

“E agora, pai”, prosseguiu Bella, “vou fazer uma confissão a você. Eu sou a miserável mais mercenário que já viveu no mundo”. “Eu dificilmente teria pensado isso de você, minha querida”, respondeu seu pai, primeiro olhando para ela; e depois para a sobremesa. “Eu entendo o que você quer dizer, pai, mas não é isso. Não é que eu me importe com dinheiro para manter como dinheiro, mas eu me importo muito com o que ele vai comprar!” “Na verdade, acho que a maioria de nós pensa assim”, respondeu R. W. “Mas não tanto quanto eu, Pa. O-o!”, gritou Bella, arrancando a exclamação de si mesma com um movimento de sua covinha no queixo. “Eu sou tão mercenária! (…) Decidi que preciso de dinheiro, pai. Sinto que não posso mendigar, pedir emprestado ou roubá-lo; e por isso resolvi que devo me casar com ele”. R. W. ergueu os olhos para ela, o melhor que pôde (…), e disse em tom de reprovação: “Minha querida Bella!”

“Resolvi, pai, que para conseguir dinheiro devo me casar com o dinheiro. Por isso, estou sempre procurando dinheiro para cativar”. “Minha querida Bella!”

“Sim, pai, esse é o caso. Se alguma vez houve uma conspiradora mercenária, cujos pensamentos e desígnios estavam sempre em sua ocupação mesquinha, eu sou essa criatura. Mas eu não me importo. Odeio e detesto ser pobre, e não serei pobre se puder me casar com o dinheiro (…).

Eu citei esse longo texto, pois isso faz sentido, porque Dickens passou a primeira metade da década de 1860, incluindo dois anos antes mesmo de começar a escrever o romance baseado nessa premissa, fascinado por essa estranha ideia de um homem fingindo (possível spoiler), se passando por outra pessoa, uma espécie de fantasma vivo (roke significa névoa, borrifo, vapor, portanto, um roke-smith seria alguém que deliberadamente molda algo a partir dessa matéria insubstancial e espectral): assombrando a mulher que ama para que possa realmente ver quem ela é.

PERSPICAZ

Ilustração em Nosso Amigo em Comum. Ilustrador: Marcus Stone

O problema é que a imaginação de Dickens era perspicaz demais para se permitir a satisfação da simples realização de um desejo. Vamos ao misterioso secretário dos Boffins. Ele mobiliou seu quarto alugado (o romance faz várias vezes a piada, de que a proposta do misterioso secretário, era de que atuasse como secretário dos Boffins como uma peça de mobília), quando ele finalmente observava sua amada como uma fantasma, uma cadeira que ouvia tudo que ela favava etc. E ele descreveu essa mulher, a Bella, como uma jovem linda, tão insolente, tão trivial, tão caprichosa, tão mercenária, tão vaidosa, embora, é claro, também “linda”, que o secretário se apaixona por ela, a  conquista, até que ela esteja pronta para se casar com ele, embora acredite  (spoiler), que ele não tem dinheiro. Mas isso soa, simplesmente, falso. Mas era o desejo de Dickens com sua amante, Ellen Ternan.

Muito melhor é o encontro inicial com a realidade, ambientado na brilhante paisagem de lixo e desperdício de Dickens, de morte e desfiguração, de escuridão e desespero: de engano e maquinação e pessoas fingindo ser ricas, apesar de serem pobres, de golpistas e vigaristas (dentro da qual categoria devemos, com toda a justiça, incluir o próprio John Harmon e Rokesmith). Ninguém neste romance faz nada: a maioria das pessoas ganha a vida consertando coisas já quebradas, como Jenny Wren com seu hospital de bonecas, ou reciclando coisas; Mr. Venus transformando cadáveres de animais e pessoas em taxidermia ou esqueletos anatômicos; a própria fortuna do velho Harmon que veiodo lixo. É uma terra morta, uma terra devastada, o correlativo da autopercepção comovente de Dickenssobre como ele era colocadocom Ellen. Mas então o conto de fadas é invocado, e a moça pobre é arrancada de sua realidade para se tornar a esposa perfeita e amorosa.

AMANTE DE DICKENS

Ellen Ternan, também chamada de Nelly

Ellen Ternan foi amante de Dickens, de 1858 até sua morte em 1870. Mas nem todo mundo acredita que sim.

Dickens certamente teve um relacionamento com Ellen Ternan, embora a natureza desse relacionamento tenha sido contestada. Havia, por assim dizer, uma ficção por trás dessa relação: que Dickens era amigo da família e, como um tio amigo ou padrinho idoso, de vez em quando ajudava Ellen e suas irmãs com dinheiro. Em sua maravilhosa biografia de Ternan, The Invisible Woman, Claire Tomalin sugeriu que isso era mais do que apenas uma vitrine para o público, um público Podsnappish (termo usado no romance para a sociedade londrina), facilmente escandalizada e sujeita a retirar seu apoio e, portanto, o sustento de Dickens, se a verdade viesse à tona). As próprias filhas de Dickens e as irmãs de Ellen podem ter preferido acreditar nessa ficção (“Fanny e Maria [Ternan] devem ter tentado acreditar nisso”, argumenta Tomalin, “a fim de equilibrar suas próprias consciências sobre qualquer suspeita de que a ajuda que receberam dele foi pago pelos favores sexuais de sua irmã”). Em sua biografia posterior do próprio Dickens, Tomalin observa como o clima de opinião mudou e depois mudou de volta.

Por muitos anos, qualquer um que sugerisse publicamente que poderia ter havido um caso sexual entre Dickens e Nelly Ternan era considerado um desprezível escandaloso por seus admiradores, embora, curiosamente, seus maus-tratos a Catherine não os preocupassem muito. A família Dickens, compreensivelmente, desejava proteger sua reputação, e o adultério era algo para os tribunais, não mencionável na sociedade decente. Quando, em 1935, Thomas Wright publicou uma biografia de Dickens que revelava muito sobre Ternan, ele foi atacado, e quando Dickens and Daughter, de Gladys Storey, um relato de sua conversa com Kate Perugini [nascida Dickens] estava sendo preparado para publicação em 1939, a editora recusou-se a prosseguir porque considerou questionável a menção dela à separação de Dickens e ao papel de Ternan nela, e parece ter temido se poderia ter sido acionável. [Tomalin, Charles Dickens: uma vida (2011), 334]

A filha de Dickens, Kate, disse a Storey, que Dickens e Ternan realmente foram amantes, que tiveram um filho juntos, mas que ele morreu quando bebê.

Tomalin observa que a opinião mudou nas décadas de 50 e 60, com biógrafos e críticos como KJ Fielding, Edgar Johnson e outros analisando as evidências e concluindo, nas palavras de Philip Collins, que provavelmente Dickens “violou os costumes de sua época ao ter dormido com Ellen Ternan”. Parece-me que ninguém que lera o relato escrupuloso e brilhante de Tomalin sobre a vida de Ternan em A Mulher Invisível duvidaria que os dois fossem amantes, mas, como ela mesma observa em sua biografia de Dickens, o clima mudou novamente em nas décadas de 1980 e 1990: “Peter Ackroyd escreveu em sua biografia de Dickens que “parece quase inconcebível que o caso deles tenha sido em qualquer sentido um caso ‘consumado’” [e] Charles Dickens (2009) de Michael Slater, insistiu que não havia nenhuma prova de que, de fato, foram amantes.  

A negação de que o velho Dickens e a jovem Ternan tiveram um relacionamento íntimo é, em si, interessante, pois em Nosso Amigo em Comum, a obra-prima que ele escrevia enquanto vivia seu amor da maturidade, todos os personagens são assombrados por desejos: o respeitável Eugene Wrayburn é assobrado por seu desejo/paixão por uma jovem da classe trabalhadora chamada Lizzie Hexam; o herói do romance é assombrado por seus sentimentos pela bela, egoísta e mercenária Bella Wilfer; o professor Bradley Headstone é assombrado tão severamente por seu desejo frustrado por Lizzie e o que esse desejo aterrador o leva a fazer? A verdade é que consumar o desejo sexual por alguém não irá, necessariamente, e talvez nem mesmo usualmente, aquietar tal fantasma: é possível desejar alguém, fazer sexo com essa pessoa, e ainda ser assombrado pelo desejo e pelo fantasma, como Humbert Humbert foi por Lolita, como, estou especulando aqui, Charles Dickens foi por Ellen Ternan. Nesse sentido, se os dois tiveram relações íntimas é menos relevante do que o fato da assombração em si.

CURIOSIDADES

Em 12 de setembro de 1863, a mãe de Dickens, Elizabeth, morreu. Em novembro daquele ano, Dickens começou a escrever Nosso Amigo em Comum.

Walter Dickens, seu filho, morreu na Índia em janeiro de 1864. A primeira parte de Nosso Amigo em Comum foi publicada em maio daquele ano.

Em junho de 1865, Charles Dickens se envolveu no acidente ferroviário de Staplehurst. Os capítulos finais de Nosso Amigo em Comum estava no vagão acidentado, e foram publicados no final daquele ano, em novembro.

ACIDENTE FERROVIÁRIO STAPLEHURST 

Charles Dickens viria a morrer cinco anos após o acidente ferroviário de Staplehurst

Na sexta-feira, 9 de junho de 1865, Charles Dickens e seus companheiros de viagem, Ellen Ternan e sua mãe, voltavam de uma viagem à França. Eles embarcaram no “trem das marés”, em Folkestone, com destino a Londres.

Nos arredores da vila de Staplehurst, a meio caminho entre Folkestone e Londres, operários estavam consertando um trecho dos trilhos em uma ponte sobre Staplehurst e removeram parte do trilho. O capataz da turma de trabalho havia consultado o horário errado e não sabia que o trem avançava sobre eles a 80 quilômetros por hora. O maquinista, sendo incapaz de parar o trem a tempo, saltou a lacuna sem trilho, chocando-se na margem oposta do rio. O vagão que transportava Dickens e suas companheiras foi suspenso na ponte e ficou pendurado no leito do rio. Ajudando Ellen Ternan e sua mãe a saírem do vagão, Dickens trabalhou para confortar os passageiros feridos e moribundos, usando seu chapéu para carregar água do rio.

Charles Dickens escreveu sobre o acidente de Staplehurst no posfácio de Nosso Amigo em Comum, como ele fizera para pegar o manuscrito e o que sentiu naquele dia fatídico, e a Editora Pedrazul trouxe esse documento nas últimas páginas do romance.

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