Por Claire Scorzi
Sob a árvore verdejante, publicado em 1872, foi o segundo romance de Thomas Hardy. Para quem o conhecia por Tess d’Urbervilles e Judas, o Obscuro, terá uma surpresa. É considerado um romance pastoril e gentil do autor famoso por sua visão deprimente da vida.
Mas é possível que, passada a surpresa, o leitor tenha ainda uma outra. Romance de meios-tons, Sob a árvore verdejante apresenta um retrato gentil da população mais simples da Inglaterra rural. Hardy sabe captar a simplicidade, as pequenas ambições – que chegam a ser ingênuas – do povo humilde do campo.
ESCRITA SIMPATIZANTE
Vemos seus desejos, anseios, implicâncias, bondades, rudezas, opiniões, através da escrita simpatizante de Hardy. Ele não os pinta como heróis, e tampouco como vilões; mas há esse olhar generoso do autor que vê um pequeno mundo – o mundo dos músicos incultos das igrejas, que viviam para suas apresentações e se orgulhavam delas na sua singeleza.
Singelo é a palavra: tudo é singelo – as figuras, o surgimento do amor entre dois jovens, o ambiente, os diálogos; tudo é suave e não grandiloquente, como com pinceladas cuidadosamente aplicadas para não exagerar ou subir de tom.
É possível que haja alguma coisa do Hardy posterior nos sinais – mas serão mesmo? Nem dá para ter certeza – das diferenças de personalidade e temperamento daqueles que formam o par de enamorados. Mas a pincelada leve deixa o leitor na dúvida de se ele estará vendo demais.
Ainda: este não é o melhor de Hardy. Talvez a segunda surpresa do leitor seja esta. Hardy precisava do drama, do verdadeiro teor dramático, para dar o seu melhor. Mas para isso o preço a pagar seria a sua visão pessimista do mundo. Sob a árvore verdejante é suave, é delicado; seu autor não estava indignado com a vida. Assim, não deixa de ser um refrigério encontrar este seu lado mais luminoso.
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