Anne Hereford

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Ela era considerada “a escritora mais lida”, como a autora Margaret Oliphant (escreveu Hester) observou em 1895, e as vendas combinadas atingiram milhares de libras em 1916. Foi ao sucesso de Wood que Wilkie Collins se referiu com inveja em 1872, alegando que ela ganhava em média mil libras por ano com seus romances em edições de seis xelins cada. “Eu posso certamente, sem arrogância indevida, me
considerar um romancista melhor, com uma reputação bem mais ampla do que a de Mrs. Henry Wood”, afirmou. No entanto, o contraste entre suas próprias vendas e as de Wood não era encorajador, fato que ele observou, dizendo que isso não aumentava sua fé no público britânico (citado em Peters, 369). Muito se falou sobre a rivalidade entre Collins e Dickens, mas a disputa pela posição com Mrs. Henry Wood preocupou mais Collins. Mas, anteriormente, Wood também havia comparado a escassez de seus
próprios ganhos com os de Collins. “Sampson e Low deram três mil libras a Wilkie Collins por No Name […]”, ela reclamou em 1863: “Mr. Bentley me disse que foram 1500 libras, mas ele está enganado”.

Excetuando as cartas comerciais, Wood não tinha o hábito de guardar suas cartas nem mantinha um diário regularmente, o que seriam documentos muito mais confiáveis do que a biografia amorosa de Charles Wood. Mas havia os jornais da época, pois, em meados da década de 1860, Mrs. Henry Wood estava em toda parte – nas prateleiras dos livreiros, nas capas de periódicos, nas bibliotecas ambulantes e nas casas das pessoas; não ela própria, a autora, mas seus romances; ela mesma era uma figura extremamente inacessível e discreta. Embora fosse imensamente popular, ela teve pouca participação
no lado social da vida literária. Essa ausência de Mrs. Henry Wood não era excepcional, mas agravada pela autoconsciência sobre sua aparência física. Como a romancista Sarah Tytler lembrou: “sua figura estava estragada pela malformação original ou por alguma lesão relacionada à coluna. Acredito que o defeito não era proeminente em seus primeiros anos, mas, quando ela chegou à meia-idade, as costas se transformaram no que equivalia a uma leve corcunda. (Keddie, 322).

O único retrato conhecido de Wood é uma miniatura sem data de Reginald Easton, que mostra a romancista em um vestido preto sóbrio, usando uma touca de renda. Esta imagem foi usada como frontispício em edições posteriores de sua obra. Era a única oportunidade que o público tinha de ver seu ídolo, já que Wood evitava entrevistas e nunca se permitia ser fotografada (ao contrário de seus rivais menos tímidos, Collins e Braddon, a última autora de O segredo de Lady Audley).

No final do século XIX, a imagem física de Wood, autoconstruída como uma delicada e respeitável dama de classe média, acabou sendo tão amplamente divulgada, a ponto de ser imediatamente reconhecível mesmo para aqueles que não conheciam seus livros.


Inspirou-se em Charlotte Brontë

Mrs. Henry Wood era dois anos mais velha que Charlotte Brontë (1816–1855) e publicou seu primeiro romance em 1851, poucos anos antes de Brontë falecer. A autora de O pecado de lady Isabel, Anne Hereford e muitos outros livros, entretanto, viveria mais 32 anos após o triste evento da morte de Charlotte Brontë para fazer da obra dessa magnífica autora uma referência? Vamos mostrar todas as evidências, e você, leitor, após ler Anne Hereford, tirará suas próprias conclusões.

Um dos mais bem-sucedidos romances de sensação da década de 1860

Mrs. Henry Wood era o pseudônimo de Ellen Wood – seu sobrenome de solteira era Price –, uma das autoras mais vendidas da segunda metade do século XIX. Ela se tornou famosa pela primeira vez como autora de East Lynne (1861) – lançado pela Pedrazul como O pecado de lady Isabel –, um dos mais bem-sucedidos romances de sensação da década de 1860. Wood seguiu este best-seller com mais trinta romances e mais de cem contos, a maioria contendo elementos de mistério, crime e suspense. Ela
também editou a revista Argosy, de grande sucesso, de 1867 até sua morte, cerca de vinte anos depois.

Ellen Price nasceu em Worcester, no condado de Worcestershire, na região das Midlands Ocidentais, Reino Unido. Era a filha de Thomas Price, um rico fabricante de luvas, e de sua esposa, Elizabeth, nascida Evans. Ellen Price foi criada por seus avós paternos – não há informação do motivo –, período em que ela teve a companhia de governantas e empregados que lhe contavam histórias locais de fantasmas e seres
sobrenaturais, assunto que ela usaria em muitos de seus romances, inclusive em Anne Hereford. Entretanto, com a morte de seu avô, quando ela tinha sete anos, ela foi devolvida à casa da família. Wood começou a escrever na infância, mas destruiu essas primeiras composições.

Deformação que a intimidava

Em sua infância, Wood sofria de várias doenças; sendo a mais grave uma curvatura de coluna, que foi notada pela primeira vez quando ela tinha 13 anos. Ela tinha que passar dias em uma cadeira reclinável ou um sofá, mas como tinha acesso a livros, ela permanecia de bom humor. A doença de Wood afetou seu crescimento e ela permaneceu com menos de um metro e meio de altura. Ela também ficou desprovida de força muscular e nunca poderia “carregar nada mais pesado do que um pequeno livro ou
um guarda-sol”. Muitos romances subsequentes foram escritos em uma cadeira reclinável com o manuscrito sobre os joelhos, e mais tarde em uma cadeira especialmente projetada para ela, que lhe permitia escrever em uma mesa.

Aos 22 anos, casou-se com Henry Wood, chefe de um grande banco e depois de uma empresa de transporte marítimo, um homem envolvido em assuntos consulares. Os primeiros vinte anos de sua vida de casada foram passados ​​na França. Wood é conhecida por ter dado à luz duas filhas (uma das quais morreu na infância de escarlatina) e pelo menos mais três filhos. Um de seus filhos, Charles, tornou-se sócio de Wood na revista Argosy.

Início de sua carreira como autora

Foi enquanto morava na França que Wood começou a contribuir com contos, quase mensalmente, para a New Monthly Magazine, editada pelo romancista Harrison Ainsworth. Sua primeira história conhecida, Sete anos na vida conjugal de um católico romano, foi publicada na edição de fevereiro de 1851. Em 1855, Ainsworth também começou a editar o Bentley’s Miscellany, e Wood contribuiu com muitos textos curtos para este jornal, além daqueles que ela já escrevia mensalmente para a New Monthly Magazine.

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